sexta-feira, 2 de julho de 2010
Para Reflectir...
Investigação/Acção em Animação Sociocultural
Esta metodologia orienta-se à melhoria das práticas mediante a mudança e a aprendizagem a partir das consequências dessas mudanças. Permite ainda a participação de todos os implicados. Desenvolve-se numa espiral de ciclos de planificação, acção, observação e reflexão. É, portanto, um processo sistemático de aprendizagem orientado para a praxis, exigindo que esta seja submetida à prova, permitindo dar uma justificação a partir do trabalho, mediante uma argumentação desenvolvida, comprovada e cientificamente examinada.
Na opinião de Froufe Quintas (1998), a Investigação/Acção pode ajudar animador a “desenvolver estratégias e métodos” para que a sua actuação seja mais adequada, bem como, “propiciar técnicas e instrumentos de análise da realidade, assim como formas de recolha e análise de dados.” O contributo desta metodologia é necessária para uma reflexão sistemática sobre a prática educativa com o objectivo de a transformar e melhorar. E este é o grande desafio que se impõe a todos nós, actores empenhados e envolvidos nesta dinâmica de acção na intervenção educativa.
A Investigação/Acção no campo da animação é muito escassa, diz-nos Serrano (citado por Trilla, 2004), porém, os que se dedicam a estes assuntos têm dado prioridade à acção.
"A investigação em animação sociocultural:
- Tenta qualificar a animação de forma directa e indirecta, apesar dos resultados produzirem efeitos a médio ou a longo prazo.
- Introduz uma certa racionalidade nas práticas e exprime o seu entusiasmo em conhecer as características dessa mesma realidade.
- Contribuir para sistematizar o processo de aplicação da mesma, orientado para dar forma à nossa acção criticamente informada e comprometida através da qual possamos viver, consequentemente, os seus valores." (Ibidem)
Ainda que esta perspectiva metodológica não possa abordar oa múltiplos aspectos da realiddae sociocultural e educativa, as suas contribuiçoes são muito valiosas.
As Metodologias Qualitativas e Humanístico - Interpretativas e Orientadas para a Mudança, orienta-se para a descrição e a interpretação dos fenómenos socioculturais e interessa-se pelo estudo dos significados e intenções das acções a partir da perspectiva dos próprios agentes sociais.
Como metodologias orientadas para a mudança, podemos aludir à Investigação/Acção; à Investigação Participativa e Avaliativa.
Investigação/Acção, metodologia de investigação orientada para o aperfeiçoamento da prática mediante a mudança e para a aprendizagem a partir das consequências das mudanças: é participativa; segue uma espiral de ciclos de planificação, acção, observação e reflexão.
A Investigação/Acção deve estar definida por um plano de investigação e um plano de acção, tudo isto suportado por um conjunto de métodos e regras. São as chamadas fases neste processo metodológico.
De entre várias propostas destacaremos a proposta apresentada por Pérez Serrano.
Na perspectiva de Perez Serrano (citado por Trilla, 2004), um processo de Investigação/Acção tem de passar pelas seguintes fases:
1. Diagnosticar ou descobrir uma preocupação temática «problema».
2. Construção de um plano de acção.
3. Proposta prática do plano e observação da maneira como funciona.
4. Reflexão, interpretação e integração de resultados. Replanificação.
TRILLA, Jaume (coord.). (2004). Animação Sociocultural Teorias Programas e Âmbitos. Lisboa. Instituto Piaget.
QUINTAS, Sindo Froufe. (1998). Las Técnicas de Grupo en la Animación Comunitaria. Salamanca: Amarú Ediciones.
Metodologia de Trabalho de Projecto
Segundo Barbier, a Metodologia de Trabalho de Projecto caracteriza-se por ser desenvolvida em equipa, com pesquisa no terreno, por dinamizar a relação teoria-prática e aprender, num processo aberto, produzir conhecimentos sobre os temas em estudo ou intervir sobre os problemas identificados. Todo o desenvolvimento parte de uma planificação flexivel e passivel de ser alterada segundo as necessidades do projecto.
Objectivos:
- Desenvolver trabalho em equipa
- Identificar e possibilitar a compreensão dos problemas
- Perceber o investigador como Pessoa Reflexiva
- Possibilitar o crescimento/desenvolvimento a todos os níveis
- Promover todos e cada um
- Estimular a cooperação entre os elementos de comunidade educativa
- Permitir o desenvolvimento equilibrado da Pessoa Humana
- Privilegiar as dinânicas de grupo
- Contribuir para a maturação da pessoa
Etapas:
- Escolha do problema
- Em discussão, a equipa detecta um problema;
- Em pequenos grupos , formulam-se problemas mais concretos; - Estabelecer Plano de Acção
- Como se vai proceder;
- Que dados precisam de recolher;
- Onde poderão obtê-los;
- Divisão de plano em tarefas; - Partida para o campo
- Contacto com a realidade;
- Encontro de equipas, de tempo a tempos, para reflectir sobre o que se está a fazer;
- Poder haver reformulação do problema inicial perante novos problemas que, no entanto, tenham surgido;
- Novas interrogações;
- Organização dos dados obtidos
- Estudar material;
- Confrontar dados;
- Discussão, análise, organização de dados e encontro de algumas respostas;
- Dar a conhecer aos outros os resultados obtidos.
Avaliação:
"É um conjunto de actividades que serevm para emitir um juízo, fazer uma onderação ou medir "algo"". Ander-Egg
A avaliação não é sinónimo de "classificação" devendo cumprir outros objectivos; não é só a certificação de resultados alcançados devendo cumprir outras funções. Não é só o controlo dos intervenientes devendo atender a outras dimensões. A avaliação não deve limitar-se a padronizar os avaliados. Em animação sociocultural a avaliação não se realiza só no final do processo, devendo realiuzar-se em outros momentos
No processo de avaliação, para Rivière devemos ter em conta:
- Quem avalia
Vários agentes o podem fazer: o animador, os administradores, os responsaveis pelos diferentes orgãos, como as associaçoes, etc. Existem vários níveis de decisão e o ponto de entrada no sistema avaliativo é a decisão subsequente e quem a toma. - O que avaliar
O objecto de avaliação pode ser encontados entre uma multiplicidade de aspectos. Está contido em diferentes níveis de decisão:
- nível do animador;
- nível dos intervenientes;
- nível do projecto;
- nível da instituição; - Como se avalia
Sobre os meios, os processos e as técnicas de avaliação existem formas de obtenção e captação de dados, desde o questionário ao registo video, passando pela entrevista, testes padronizados e fichas de observação. - Quando se avalia
Diz respeito à inserção de acção avaliativa no processo sociocultural. Usualmente refere-se à avaliação inicial, avaliação final, avaliação do processo, seja contínua ou pontual, como os momentos de avaliação. - Porquê avaliar
O porque de se avalair encerra uma série de paradigmas relacionados com a própria avaliação, o que está em causa são as justificações filosóficas que guiam e estão subjacentes às acções avaliativas. - Para que se avalia
Está relacionado com as funções de avaliação, admite-se que as decisões avaliativas cumpram 4 funções:
- Diagnóstica
- Prognóstica
- Formativa
- Sumativa
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Métodologia / método / técnica
Animação Sociocultural
quarta-feira, 16 de junho de 2010
Grelha fílmica "A guerra do fogo"
Director: Jean-Jacques Annaud
Elenco: Everett McGill, Rae Dayn Chong, Ron Perlman, Nameer El-Kadi, Gary Schwartz, Kurt Schiegl, Frank Olivier Bonnet, Brian Gill.
Produção: Michael Gruskoff, Denis Heroux, John Kemeny
Roteiro: Gérard Brach
Fotografia: Claude Agostini
Trilha Sonora: Philippe Sarde
Duração: 97 min.
Ano: 1981
País: França/ Canadá
Género: Aventura
Segundo o filme, desde os nossos antepassados que existe uma grande luta pelo poder, neste caso concreto, a luta pelo fogo. Lutava-se por algo que não se conhecia a sua origem, só se sabia que existia, mas não se sabia como. Após se descobrir como se produzia o fogo, as lutas terminaram.
O filme transmite-nos a importância das relações humanas, de como a parte emocional e os afectos são importantes no dia-a-dia dos seres humanos, por mais primórdios que sejam.
Quanto aos aspectos negativos, não encontrei.
Ao longo do filme dei por mim a reflectir muitas vezes sobre a origem do ser humano. O que teve que conquistar, quanto teve que lutar, o que evoluiu…
“A guerra do fogo” reporta-nos para uma realidade que nos faz pensar… Quantos de nós se viu numa situação de luta por algo que queremos muito? No nosso íntimo, no nosso inconsciente,temos impulsos selvagens que numa situação de sobrevivência vêm ao de cima. Reagimos por vezes de forma selvagem e impulsiva quando sentimos em perigo a nossa vida, um ente querido, ou um bem precioso,nesta sociedade que consideramos civilizada e evoluida, tal como reagiam os nossos antepassados pelo fogo.
No entanto, os sentimentos, os afectos, o amor ainda consegue transformar e modificar a vida das pessoas. É com esta esperança que no fundo os seres humanos vivem. Por mais fortes e frios que sejam, os homens procuram sempre o verdadeiro amor.
È um filme que poderá ser analisado pelas diferentes ciências, a antropologia, a sociologia, a psicologia, a história.
Um dia, a chama é roubada por outra tribo, apesar da intensa luta.
Para a reconquistarem enviaram três elementos. Estes homens enfrentaram tempestades, guerras, percorreram vales e montes, enfrentaram tribos inimigas, inclusive canibais, animais selvagens. Depararam-se com tribos mais evoluídas, aprenderam técnicas de artesanato, de pintura corporal, de cerâmica, aprenderam a lançar flechas, a construir cabanas, a conhecer ervas medicinais, a viver de maneira diferente e principalmente aprenderam a arte de produzir o fogo por atrito.
Nesta caminhada, para além de tudo o que foi descrito anteriormente, um dos jovens aprendeu algo que não é quantificável. Sentiram…para além da linguagem, expressões como o sorriso e o humor foram importantes, se bem que de forma involuntária.
O Amor também é transmitido no filme, quando um dos elementos que vai em busca do fogo se apaixona por uma mulher de outra tribo.
A nível Religioso: idolatrar e cuidar de algo valioso (o fogo).
A nível Sexual: promiscuidade, ingenuidade, inexistência de culpa e/ou sentimentos. O modo de como homens e mulheres conviviam.
A nível Cultural: utilização dos símbolos que transformaram o homem.
A nível Educativo: a forma de comunicar, de se expressar, de esta, de se adaptar ao meio.
Dimensões da Educação
- A formal;
- A não formal;
- A informal.
Não existe um consenso generalizado sobre o que é a educação não formal, podemos considerá-la como uma educação não regulada por normas rígidas, aquela que se realiza fora do marco institucional. Como exemplo podemos citar a educação à distância, uma vez que não é presencial e rompe com a definição de espaço e tempo da escola.
Trilla (citado por Lopes, 2006, p.406) “Entendemos por educação não formal o conjunto de processos, meios e instituições específicas e diferencialmente desenhados em função de explícitos objectivos de formação ou de instrução, que não estão directamente dirigidos à provisão de graus próprios do sistema educativo regulamentado.”
Uma das virtualidades educativas da educação não formal consiste em incitar, motivar, potenciar, enquadrar a educação formal através de actividades que conferem sentido, partilha, interacção e envolvência no acto de educar.
Para o mesmo autor a educação formal e não formal distinguem-se, não pelo seu carácter escolar e não escolar, mas sim, pela sua inclusão ou exclusão no sistema educativo regulamentado.
Para Ander-Egg (1999, p.31) a educação não formal também chamada por educação extra-escolar, "é aquela que se dirige a pessoas de todas as idades, escolarizadas ou não, através de uma intervenção educativa fora das instituições educacionais institucionalizadas. Na educação não formal não existe o propásito de obtenção de um reconhecimento oficial, quer seja diploma, crédito, grau académico ou certidão de capacitação."
Assim sendo, desde o ensino pré-escolar aos estudos universitários, podemos concluir que a distinção é meramente administrativa, legal.
“A educação formal resulta de uma acção educativa que requer tempo e aprendizagem, é regida por um sistema formal de administração competente e é levada a cabo na escola. É uma educação dirigida para obtenção de títulos académicos e é concebida para alcançar objectivos previamente definidos por instâncias superiores competentes.” (Lopes, 2006, p.406)
A educação formal pode e deve apoiar-se nos espaços não formais e informais para suscitar mais empenho, mais motivação, mais sentido, mais envolvência, mais humanismo e ter mais êxito. Na mesma linha de pensamento, o autor aborda a tríade educacional formal, não formal e informal como sendo, complementares. Uma não anula a outra, devem coabitar harmoniosamente, pois só assim se contribui para o sucesso educativo da pessoa.
A educação informal é o produto da acção da família e dos meios de comunicação de massas. Caracteriza-se pela ausência de um princípio de sistematização e estrutura orgânica, resulta das relações espontâneas da pessoa com o meio em que está inserida.
“Estas modalidades de aprendizagem não formais, não institucionalizadas prevalecem até aos nossos dias.” (Faure, citado por Lopes, 2006, p.407)
LOPES, Marcelino. (2006). Animação Sociocultural em Portugal. Chaves. Intervenção.
ANDER-EGG, Ezequiel. (1999). O Léxico do Animador. Amarante. ANASC.